Que lugar é esse?

O mitólogo Joseph Campbell criou um modelo de jornada cíclica baseado em mitos, sua narrativa sempre foi voltada aos heróis masculinos e uma vez questionado por uma aluna sobre a ausência das heroínas, deu a seguinte resposta; “as mulheres não precisam fazer a jornada (...) tudo o que elas precisam fazer é perceber que elas são o lugar que as pessoas estão tentando chegar..”

A partir da observação do mitólogo sobre a jornada do herói ser voltada somente para os Homens, surgiu o argumento que revê a ideia contrária ao fato do lugar da mulher.
Que lugar é esse?
Há 30 anos atrás, a inquieta aluna Maureen Murdock, criava um novo modelo da jornada do herói, sua base foi feita nos tratamentos psicoterapêuticos que aplicava as suas pacientes, mulheres contemporâneas envolvidas na cura da ferida do feminino. Surgia a Jornada da Heroína que analisa através de etapas o caminho das mulheres que buscam esse lugar.
Surgia a Jornada da Heroína que analisa através de etapas o caminho das mulheres que buscam esse lugar.
Vamos falar resumidamente dessas fases por aqui e em seguida destacar com exemplos algumas mulheres que foram colocadas em lugares “inatingíveis”.
Primeira fase acontece com a separação do feminino: a mulher começa a se distanciar de tudo que é considerado feminino, podendo se afastar até da mãe, que será uma representação de tudo que a heroína odeia em sua feminilidade. Após essa iniciação ela passa para uma outra fase que é a Identificação com o masculino: Depois que se afastou do feminino, a mulher passou a se identificar com os valores masculinos. Portanto, ela pode se aproximar do pai, que será uma representação da liberdade da mãe. Em seguida para a próxima fase; ela segue pela estrada das provações em sua jornada; assim como na Jornada do Herói, a mulher enfrenta obstáculos que levam ao seu desenvolvimento. Por isso, essas tarefas estarão relacionadas a obter sucesso. Mas, diferentemente do modelo de Campbell, a heroína também luta com conflitos internos, como noções de dependência, amor e inferioridade. O próximo passo é o encontro do sucesso ilusório: Logo depois de superar os obstáculos e experimentar o sucesso, a heroína perceberá que traiu seus próprios valores para atingir o objetivo. Por isso, se sentirá em conflito e limitada na nova vida. O ponto seguinte é a sua iniciação como Deusa, após sua crise de identidade, essa mulher deve se reconciliar com seu lado feminino. Ou seja, a heroína se encontra com uma figura de deusa, que representa todos os valores positivos que ela deixou para trás. Em seguida, surge sua reconexão com o feminino: Neste estágio da jornada da heroína, a mulher busca recuperar uma conexão com o sagrado feminino para entender melhor sua própria psique. Ela pode tentar reacender um vínculo com a mãe e passa a ver seus valores antigos sob uma perspectiva diferente. Nesse momento acontece a cura do masculino ferido; depois da primeira reconciliação, a heroína deve olhar para dentro e compreender a parte masculina de sua identidade. Ela vai reconhecer que existem pontos positivos e negativos deste aspecto.

A jornada da heroína começa com a separação do feminino e termina com a integração do masculino com o feminino.
Murdock explica que a primeira parte da jornada da heroína é impulsionada pela mente e a segunda parte é uma resposta ao coração.
E dessa forma há a integração do masculino com o feminino; e finalmente, a mulher encontra o equilíbrio entre o seu masculino e feminino interior.
É um momento de reconhecimento, uma lembrança daquilo que, no fundo, ela sempre conheceu: sua essência, autoestima e confiança.
E esse é o lugar que todas as pessoas precisam estar, para um mundo em que todo tipo de relação seja justa.