A Jornada Heróica de Mulheres Aprendizes

The Heroine’s Learning Journey é uma proposta para aumentar e melhorar a autoconfiança das mulheres nas áreas de STEM, sigla da língua inglesa para "Science, Technology, Engineering and Mathematics", que representa um conjunto de aprendizado científico e agrupa metodologias educacionais em "Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática".
Após ter dado início em 2016 ao doutorado na UFRJ, o investigador Luis Felipe Costa, do Laboratório de Ludologia, Engenharia e Simulação de Jogos, teve a oportunidade de dar aula através do estágio de docência. Essa experiência foi um divisor de águas porque foi o contato direto com estudantes de graduação na disciplina de Fundamentos de Engenharia de Software, que ele vivenciou a metodologia de aprendizagem ativa, como por exemplo, sala de aula invertida, onde o professor sai do papel centralizador em sala de aula tradicional e os alunos têm a oportunidade de interagir com outros meios de aprendizado, usando ferramentas tecnológicas, que servem de suporte para que com o próprio esforço, adquira o conhecimento.
Saindo a campo e prosseguindo seu estudo em Portugal, teve a chance de acompanhar as aulas da professora do Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico, Ana Moura Santos, que usa a mesma metodologia de Sala de Aula Invertida, na plataforma MOOC no Ensino a Distância.
O que pode ser comparado com sua experiência anterior, quando foi clara a transformação vinda dos estudantes pela motivação em entender os processos e construir algo que fizesse a diferença.
A partir dessa experiência e a imersão no estudo, despertou o interesse pelas jornadas, pois nelas há toda uma narrativa que fala sobre a evolução entre um ser humano comum e sua transformação, o pesquisador se baseou no estudo do monomito de Joseph Campbell em "A Jornada do Herói", em que o ser humano realiza ações excepcionais, com coragem e bravura e vem resolver situações críticas, com base em princípios morais e éticos, e associa a metodologia como ato heróico no campo educacional e sua atenção em tornar o ensino mais motivador por meio de sua própria experiência anterior.
Em sua pesquisa baseada em jornadas, utilizando arquétipos masculinos, foi questionado pela professora Ana sobre o papel feminino nessas jornadas, principalmente quando se tratava da falta delas nas áreas STEM, pois cientificamente a falta de jovens estudantes nessas áreas já foram comprovados, e um dos principais motivos é a falta de motivação e a falta de credibilidade impostas a elas (às vezes pelas próprias alunas).
No percurso do estudo, entre jornadas, motivações e metodologias de ensino, ampliou-se a pesquisa sobre a igualdade de genero nas áreas de STEM e a necessidade de preencher lacunas desocupadas por mulheres.
No mapa da pesquisa, surgiu o conhecimento da Jornada da Heroína, em que nela, a psicoterapeuta Maureen Murdock, analisa suas pacientes e seus conflitos e assim como Campbell, criou etapas para ajudar essas mulheres a vencerem suas questões.
No fôlego das pesquisas e com o estudo das narrativas “masculinas” e “femininas”, além de teorias de autodeterminação, benefícios intrínsecos e extrínsecos que o ser humano necessita para realizar alguma atividade (amplamente inserido na educação na forma motivacional do estilo de sala de aula invertida), bem como a teoria de metas, que segue uma linha de dedicação dos alunos, nasceu a metodologia motivacional chamada The Heroine's Learning Journey.
A Jornada criada, é composta por 12 estágios elaborados, pensados e identificados para serem reproduzidos como problemas ou desafios que as jovens mulheres precisam enfrentar para entrarem e se estabelecerem em áreas majoritariamente dominadas por homens.
Essas etapas tem o objetivo de desenvolver a confiança e habilidades das jovens mulheres estudantes, e ao final, surgir uma nova aprendiz que levará o título de Jovem Heroína. Ela não será a mesma de quando iniciou a jornada, além do novo conhecimento, ela também estará inserida nas áreas de STEM.
Associado aos estágios, há também a auto regulação da aprendizagem, que trabalha com três ciclos: planejar, executar e refletir, onde o esforço pessoal é muito importante para se chegar a algum resultado.
Dentro da jornada, os ciclos atuam através de suportes externos que são ferramentas tecnológicas e tutoria de pessoas experientes que as ajudarão no caminho para o resultado final, ou seja, adquirir habilidades de uma nova forma.
Com tudo isso, a pesquisa tomou corpo e agora responde a uma necessidade da comunidade européia que através do projeto Fostering Women's deseja criar uma motivação/incentivo às mulheres para ingressar nas áreas de STEM, a Jornada da Heroína Aprendiz está associada ao curso de Machine Learning, Matemática e Ética na plataforma do Ensino a Distância do Instituto Superior Técnico, o MOOC.
O curso está disponível com inscrições abertas e data de início em 31 de março, é gratuito e com duração até 01 de julho.
E não para por aí, o projeto Jornadas Heróicas vai além da metodologia indicada, pretende tornar a educação mais igualitária, na inclusão de todos, através do domínio de seus desafios, transformando, contribuindo e possibilitando capacitar cada ser humano a estar no lugar desejado.